quinta-feira, 9 de maio de 2013

Caso PC Farias

Reinaldo responde às perguntas do juiz'Suzana tinha muito sangue e o doutor Paulo estava gelado'

Chefe da segurança e braço direito de Paulo César Farias, o então sargento PM Flávio Almeida teve um caso amoroso com Suzana Marcolino antes de ela se tornar a namorada do patrão. A confirmação foi dada no interrogatório do quarto e último réu a depor no Tribunal do Júri, o também policial militar Reinaldo de Lima Silva, na noite desta quinta-feira (9), no Fórum de Maceió.
Ao juiz Mauricio Brêda, Reinaldo afirmou que esses eram os comentários feitos no ambiente da Mansão Farias. Apesar do suposto romance, Reinaldo afirmou que Flávio não teria interesse na morte do patrão.
“A gente ouvia comentários, antes das mortes, de que Suzana tinha tido um caso com o Flávio, mas eram boatos, ninguém nunca provou nada. Acho que o doutor Paulo podia desconfiar de alguma coisa”, comentou o segurança. A seguir, Reinaldo contou um episódio.
“Um dia o doutor Paulo me chamou no escritório [da Tratoral, uma das empresas de PC, na Av. Durval de Góes Monteiro] e me pediu: Reinaldo, vá em segredo a quatro lugares, verifique se Suzana está em algum deles e volte aqui para me dizer. Aliás, três lugares: a boutique da Suzana, na Pajuçara; a academia em Mangabeiras e a residência dela. Fui aos três lugares uma vez, não encontrei, voltei nos três lugares e ela não estava. Na casa da Suzana, a mãe dela me pediu, nervosa, que eu não contasse ao doutor Paulo, mas tive que falar a verdade”, relembrou Reinaldo de Lima Silva. Ele disse que Suzana “tinha uns sumiços que ninguém sabia onde ela estava”.  Depois, prosseguiu o réu, PC lhe confidenciou que Suzana “estava com o contador, resolvendo problemas”.
O jantar de PC com Cláudia Dantas
Reinaldo confirmou para o juiz que, entre todos os seguranças, era quem tinha mais contato pessoal com Suzana, mas disse que eram conversas superficiais. Confirmou também que estava presente nas duas vezes em que PC Farias teve encontros com Cláudia Dantas, filha do ex-prefeito de Batalha, José Dantas Rodrigues, o Zé Miguel (assassinado junto com a mulher, Matilde Toscano, numa emboscada em março de 1999) e sobrinha do deputado estadual Luiz Dantas.
Um desses encontros foi na véspera do Dia dos Namorados (11 de junho de 1996, doze dias antes das mortes de PC e Suzana). Os dois jantaram juntos na mansão de PC, em Mangabeiras. No final da noite, lembrou Reinaldo, o patrão parecia muito contente e lhe deu dinheiro e um cartão para, no dia seguinte comprar um buquê de flores e entregar a Cláudia na cada dela.
A cena do crime
O depoente descreveu todas as circunstâncias em que, na manhã de 23 de junho, depois de constatarem que ninguém respondia dentro do quarto do casal, ele próprio e o caseiro arrombaram a janela do quarto com um tesourão de cortar grama e um enxadão.
O juiz pediu que Reinaldo descrevesse o que viu. “Suzana tinha muito sangue na roupa. O doutor Paulo parecia que estava dormindo. Eu pulei a janela, encostei a mão no pescoço dele para ver se tinha sinal vital. Estava frio, gelado, duro. Eu me desesperei, comecei a chorar, pensei que meus planos de vida se acabaram, e só depois me ocorreu telefonar".
Reinaldo disse que na época não tinha acesso ao deputado Augusto Farias, mas o garçom Genival tinha uma agenda com o telefone do irmão de PC.
“Eu liguei e disse a ele: deputado, venha na casa de praia urgente. Ele perguntou: é sério, Reinaldo? Eu respondi que era mais sério do que ele imaginava”.
Nesta sexta, a decisão
O interrogatório dos quatro réus foi feito quase exclusivamente pelo juiz Maurício Brêda. Tanto a acusação quanto a defesa abriram mão de fazer perguntas. Por isso, o quarto dia de julgamento encerrou os trabalhos mais cedo.
Nesta sexta-feira o julgamento deve chegar ao seu último e decisivo dia. Haverá os debates entre acusação e defesa, com direito a réplica e tréplica e, em seguida, os sete jurados se recolhem a uma sala secreta para responder ao questionário elaborado pelo juiz sobre cada um dos réus. Não há prazo previsto para essa etapa, mas ela deve durar toda a tarde. Quando os jurados chegarem a uma conclusão, o juiz a anunciará para cada réu: culpado ou inocente.

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